quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Fim do pesadelo

Ufa! As eleições acabaram. Já não agüentava mais o sufoco que era driblar entregadores de panfletos, escutar de um lado um dizendo "vote nesse", do outro "vote naquele", papéis espalhados pela cidade, adesivinhos feios, bandeiradas inusitadas no meio da rua - sim, bandeiradas... sabe aquelas pessoas que seguram a bandeira enorme do candidato bem no meio da rua?, pois é, eles esquecem que aquele objeto é pesado e ficam balançando como se não tivesse alguém passando na rua.
Isso fez parte da minha rotina nesses últimos meses. Assim que eu saia do metrô, pelo menos três pessoas do partido de esquerda tentavam me entregar aqueles santinhos e caderninhos com a proposta da candidata X. Eu para não ter que carregar aquilo, dizia: "não, muito obrigada, mas eu apóio a direita". Caminhava mais um pouco e novos seres apareciam. Dessa vez a propaganda era da direita, mas as tralhas eram as mesmas. E eu dizia: "não, muito obrigada, mas eu apóio a esquerda".

E quando eu estava quase lá, dentro da universidade, surgiam as aterrorizantes moças de bonés, cabelos presos, calças justas e camisas largas defendendo seu partido. Mas elas não eram temidas por isso, mas por suas medonhas e apavorantes bandeiras. Mexiam-nas de um lado para o outro de modo violento. Sem nenhum repouso, nenhum momento para descanso. Eu, para fugir da apavorante arma, tentava usar todos meus recursos de defesa, que iam desde caderno de dez matérias à bolsa enorme com materiais pesados. Isso exigia muita habilidade mental e física. Quase sempre dava certo. Isso mesmo, quase! Pois um dia me acertaram a cabeça.

Depois de passar pelo sufoco, finalmente entrava na universidade. Na hora da volta para casa, nenhum desses obstáculos me aparecia. Entretanto, quando chegava a minha rua, surgiam pequenas quantidades de papéis espalhados pelo chão. A cada dois metros eles aumentavam em progressão geométrica. Pareciam apenas papéis, mas não! Era mais publicidade política.

Mas aí chegou o segundo turno. O pesadelo acabou. Agora só em 2010.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A primeira vez...


Desde pequenina vou com minha mãe votar. Mesmo na época que não existia a urna eletrônica e tinha aquele papelzinho, eu já ia para o local de votação. Era legal pegar fila, vê-la marcando "x" e depois colocar a cédula na caixa. Bem, assim que chegaram as máquina de votar, permaneci acompanhando tal processo eleitoral. A diferença é que desde então eu apertava os botões para presidente ou prefeito.

Mas esse ano foi diferente! Eu finalmente tirei meu título de eleitor em 2007, e ontem assinei aquela lista. Depois fui atrás da urna. Votei no meu candidato a vereador. Votei no meu candidato a prefeito. Apertei "confirmar". E sai de lá feliz.

Nunca vou me esquecer desse 5 de outubro. Ainda mais porque toda primeira vez tem que ser marcada por algo não muito convencional. E a minha foi marcada pela presença de um senhor bêbado. Logo que ele entrou já chamava a atenção: alcoolicamente alterado em dia de eleição.

Abaixou para assinar a lista. Esqueceu-se como escrevia o próprio nome. Entregou os documentos ao mesário. Depois os pedia de volta e disse que não era para roubá-los. Foi para atrás da urna. Apertou um número que tinha em um santinho que o mesário entregou. Depois votou para prefeito. Depois de ter apertado confirmar, olhou para o mesário que o ajudara e questionou: "eu não vou votar para vereador"? O assistente com sorriso amarelo afirmou que ele já tinha votado. Enquanto isso uma mesário comentava com seu colega: "é, depois fica durante quatro anos com a abelha no ouvido".