sábado, 17 de janeiro de 2009

A noveleira

Faz tempo que não escrevo no meu humilde e singelo blog, Vida Errada. Mas é que quando chegam as férias da faculdade, eu também gosto de tirar férias da internet (claro, o fato de eu ter tendinite contribui com o meu descanso cibernético). E nesse período eu costumo fazer coisas que não me são habitual, como assistir novela.

É, fazia um bom tempo que não as assistia, cerca de 3 anos. O máximo de teledramaturgia que acompanhei nesses últimos tempos eram os episódios de "Malhação", mas nunca fielmente. Este ato aconteceu apenas por três motivos:

1- De segunda e quarta tenho curso de francês na própria universidade após as aulas. Logo não compensa voltar para casa e, em seguida, retornar. É bem mais prático ficar em um dos quinhentos Diretórios Acadêmicos e esperar o tempo passar, deitar no sofá e assistir televisão. Entretanto, ao chegar nos DAs, a única opção era assistir à novela pré-adolescente, pois alguém muito esperto (ou não) escondeu o controle e deixou no canal.

2- Não importa há quanto tempo você deixou de acompanhar aos episódios, a história sempre é a mesma, e por isso você sempre estará a par do enredo.

3- Quando eu chegava em casa mais cedo, seja lá por motivos cósmicos ou femininos, ou o que for, meu dedo sempre apertava às 18h o número do canal da emissora.

Enfim, fora a série-novela, não acompanhava há um bom tempo a teledramaturgia. Mas nessas férias assisti a um episódio de "A Favorita". O pior é que gostei! Lembro que naquele dia a vilã Flora tentava matar o extremamente rico Gonçalo com um plano digno de filme de terror trash, mas que deu certo. E no momento pensei: "bem, a novela está quase no fim, e quando as aulas começarem, já terá passado o último capítulo. Logo, posso me render à trama". E me rendi.

Voltei por um período a ser noveleira. Eu lia críticas dos jornais. Algumas vezes assistia aos programas da tarde que discutiam por mais de uma hora o comportamento da personagem da Patrícia Pillar e os possíveis finais bizarros da trama. E até aprendi a cantar trechos de "Beijinho Doce".

Ontem, quando acordei, contava as horas para ver qual era o destino de Donatela, Flora e Silveirinha, o mordomo medonho. Mas cheguei em casa um pouco tarde. Mais cedo tinha encontrado alguns amigos e esqueci-me do tempo. E quando vi que horas eram, a Avenida Paulista inteira pode observar uma louca, impaciente, brigando com o guarda-chuva, que insistia em voar, rezando para não levar um tombo e tentando chegar em casa o mais rápido possível.

Quando cheguei ao meu apartamento, a primeira coisa que fiz foi perguntar "e aí, mãe, o que aconteceu com a Flora?" Quando minha mãe respondeu, fiquei inconformada. Como assim, numa novela que todo mundo morre devido à vilã mais medonha na história da teledramaturgia brasileira, com um mordomo tenebroso e uma heroína ao estilo She-ra, quem dá o tiro final é a personagem mais mimada e que nunca segurou uma arma? É por isso que não quero mais assistir novelas.

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